O jornalista angolano José Kiabolo apresentou esta quinta-feira uma queixa-crime contra agentes da Polícia devido às agressões que sofreu, na quarta-feira, quando cobria um protesto, em Luanda, contra a posse do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), imposto pelo MPLA.
“A credito na justiça, daí que apresentei esta queixa junto da 4.ª esquadra da Polícia, aqui em Luanda, porque fui brutalmente agredido. Aliás, continuo com as marcas da agressão da Polícia”, afirmou o jornalista da Palanca TV.
José Kiabolo que, juntamente com um colega repórter de imagem, diz terem sido agredidos enquanto entrevistavam manifestantes nas zonas adjacentes ao Parlamento do MPLA, acredita num desfecho favorável do caso, referindo que a atitude dos agentes “é condenável”.
O profissional da angolana Palanca TV, ainda com escoriações visíveis no braço direito, nas pernas e nas costas, afirma que as agressões foram protagonizadas por “mais de cinco efectivos da Polícia”.
“É triste recordar as agressões de que fomos alvo, mas é a pura verdade, daí que condenamos e reprovamos essa postura”, declarou.
José Kiabolo adiantou que a situação já é do domínio do Serviço de Investigação Criminal (SIC) angolano, nomeadamente do Laboratório de Central de Criminalística de Luanda onde foi submetido ao exame forense.
Vários manifestantes, maioritariamente afectos à UNITA, o maior partido da oposição que o MPLA ainda permite que exista, que contestaram a posse do juiz Manuel Pereira da Silva “Manico”, relataram cenas de detenções “sob carga policial”.
A posse do juiz “Manico” aconteceu na quarta-feira na sede do Parlamento do MPLA e foi apenas ratificada com 111 votos de deputados do MPLA (partido no poder desde 1975), uma vez que a oposição abandonou em bloco o plenário, retirando-se antes da tomada de posse.
Supostas “irregularidades, ilegalidades” e “inconstitucionalidades” são apontadas no concurso de eleição do novo presidente da CNE, o que motivou protestos dentro e fora da sede do Parlamento do MPLA.
Recorde-se que o Presidente da República de Angola, do MPLA e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, ordenou no dia da votação que a Assembleia Nacional devia dar posse ao presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e que este foi indicado de acordo com a legislação. E assim aconteceu.
É claro que, para abrilhantar o bordel e a democracia “made in MPLA”, dois jornalistas da Palanca TV foram agredidos por agentes da Polícia (do MPLA).
“Somos um estado de direito e temos que respeitar as leis e o que a lei diz é que é competência do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) indicar, pelo processo apropriado, o presidente da CNE”, declarou João Lourenço durante uma visita de campo à fábrica Textang II. E se somos um estado de direito… não é permitido manifestações contra quem manda e, muito menos, jornalistas a exercerem a sua profissão.
Para relembrar a todos que Angola é um Estado de Direito (embora propriedade privada do MPLA), dois jornalistas da Palanca TV foram, de facto e não alegadamente, agredidos por agentes da polícia… do MPLA, formatados para nos dar porrada enquanto os seus chefes tudo fazem para que o Povo aprenda a viver sem comer, ou a comer peixe podre e funa podre.
Afinal, “Quem se levanta cedo? Quem vai à tonga? Quem traz pela estrada longa a tipóia ou o cacho de dendém? Quem capina e em paga recebe desdém, fuba podre, peixe podre, panos ruins, cinquenta angolares “porrada se refilares”? – Quem? Quem faz o milho crescer e os laranjais florescer? – Quem? Quem dá dinheiro para o MPLA comprar máquinas, carros, senhoras e cabeças de pretos para os motores? Quem faz os dirigentes do MPLA prosperar, ter barriga grande – ter dinheiro?”
É triste esta situação.